sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Brasil estreia no Sul-Americano Sub-17 cercado de expectativa

Mozart Maragno


Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor. Chegou a hora da badalada "geração 2000". A seleção brasileira sub-17 estreia no Sul-Americano da categoria nesta sexta-feira, às 22h15min, contra o Peru, sob grande atenção de quem acompanha futebol, especialmente as categorias de base. Certamente, a torcida do Flamengo estará atenta ao seu pupilo Vinícius Júnior, e não será surpresa se os palmeirenses estiverem de olho em Alan, como os corintianos em Vitinho. O fato é que, antes de tudo, precisamos fazer um parênteses: é bizarro, mas não surpresa, que a CONMEBOL mude a sede do Grupo B, o do Brasil, dois dias antes do início do torneio. É a várzea estabelecida. 

Dito isso, Carlos Amadeu, que é bom técnico e experiente na formação, chega pressionado por três situações. Primeiramente, a saída do seu coordenador Erasmo Damiani, com o desmonte do projeto feito pela CBF a partir de 2015 – isso por si só já botaria uma pressão enorme. O segundo fator é a qualidade da geração, considerada muito boa, talvez a melhor desde a /92 de Neymar e Coutinho. Não será bem digerido algo que não seja título e bom futebol. Por fim, o outro fator se refere ao último Mundial Sub-17, quando Amadeu não tinha uma super geração (/98), mas o futebol apresentado na competição foi modorrento e travado.

O técnico canarinho, ao que parece, não contará com Vitinho para a estreia. Lincoln deve figurar como a referência de ataque, com Paulinho e Vinicius Júnior pelos lados. No meio há a chance de aparecer Vitão improvisado (é o melhor zagueiro da geração) – Marcos Antonio e Rodrigo Nestor seriam as opções mais óbvias como dupla de volantes do 4-2-3-1. De qualquer forma, por ser a geração da gestão Damiani, trabalhada desde os 14 anos, a equipe tem condições de mostrar a cara do futebol brasileiro em sua melhor versão. É a expectativa e a esperança.

Atletas brasileiros

1 – Gabriel Brazão
2 – Wesley
3 – Vitão
4 – Matheus Stockl
5 – Victor Bobsin
6 – Weverson
7 – Paulinho
8 – Vitinho
9 – Lincoln
10 – Alan
11 – Vinícius Jr
12 – Lucas Alexandre
13 – Rodrigo Guth
14 – Lucas Halter
15 – Patrick
16 – Kazu
17 – Victor Yan
18 – Marcos Antonio
19 – Alerrandro
20 – Brenner
21 – Rodrigo Nestor
22 – Arthur Gazze
23 – Yuri Alberto

Jogos da primeira rodada

GRUPO A
Colômbia 2 x 1 Equador
Chile 1 x 0 Bolívia

GRUPO B
Venezuela x Argentina
Peru x Brasil

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Final de semana sepultou o "geração ruim" da sub-20

Mozart Maragno


Poucos dias após o fracasso brasileiro no Sul-Americano Sub-20, vimos vários dos atletas que estiveram no Equador se destacando na rodada dos estaduais, no último final de semana. No sol escaldante de Bangu, Richarlison foi o grande destaque do Fluminense diante do Volta Redonda, com dois gols e ótimas jogadas. Vale lembrar que Abel Braga, o Abelão, ainda usou muitos jovens de Xerém, como Marquinhos Calazans, Wendel e até o talento tardio do zagueiro Reginaldo, de vários empréstimos até 2016.

No José Liberatti, em Osasco, o Corinthians teve dificuldades diante do encardido Audax, porém Guilherme Arana e Léo Jabá foram titulares, com Maycon entrando durante a partida. Os três foram bem, mesmo que o atacante tenha perdido algumas chances de gol. Arana já virou titular, segundo Fábio Carille, e o talentoso Maycon deve ganhar sua vaga ao natural, uma vez que é bastante superior a Fellipe Bastos. Léo Jabá, mesmo pouco cotado e com pouca projeção, pode continuar recebendo oportunidades.

Já no Estádio da Cidadania, em Volta Redonda, o Flamengo massacrou o Madureira, então sensação dos pequenos no Campeonato Carioca, com ótimas participações de Lucas Paquetá – de atuações apáticas no Sul-Americano –, autor de um golaço por cobertura, e Felipe Vizeu, responsável por uma bela assistência ao argentino Mancuello. Além disso, na Europa, Caio Henrique foi alçado ao banco do Atlético de Madrid por Cholo Simeone para o jogo contra o Sporting Gijón, fora de casa – também fardou em Leverkusen, pela Liga dos Campeões. 

Seguiremos acompanhando os atletas que sofreram o revés no torneio continental. David Neres já se apresentou ao Ajax e tem condições de se destacar logo de cara na Eredivisie. O dado concreto que esse final de semana trouxe é que a geração tem qualidade, não rendeu coletivamente e pode gerar muitos frutos para além dos tradicionais /97 Gabriel Jesus, sensação na Inglaterra, e Malcom, que mais uma vez se destacou em vitória do Bordeaux. A geração é boa.

Foto: Gilvan de Souza/Divulgação Flamengo

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Damiani: "A geração 2000 é a geração da nossa gestão"

Mozart Maragno


Passados alguns dias de sua demissão, Erasmo Damiani, ex-coordenador das categorias de base da CBF, conversou com o Olheiros sobre o processo de saída e o frustrante Sul-Americano Sub-20. Fez um balanço acerca de sua gestão e falou, especialmente, da geração 2000, que, além de muito talentosa, se trata da geração que ele, junto com sua equipe, pôde trabalhar desde o início, nas primeiras convocações para a categoria sub-15.

O Sul-Americano Sub-17 começa no próximo dia 23 de fevereiro, sob grande expectativa de quem acompanha categorias de base, especialmente por alguns dos talentos brasileiros. O mais destacado, sem dúvida, é Vinícius Júnior, atacante do Flamengo e sensação na última Copa São Paulo, mesmo com apenas 16 anos. Damiani destaca, porém, o trabalho organizacional feito desde 2015. "A geração 2000 é a geração da nossa gestão, a qual começamos o trabalho do início, com várias convocações, jogos e torneios", afirma.

São vários os campeões sul-americanos sub-15 há dois anos presentes no grupo, além do técnico daquele time – Guilherme Della Dea integra a comissão de Carlos Amadeu. Além do já citado Vinícius Júnior, foram destaques da campanha de 2015 o mosqueteiro Vitinho, o goleiro Gabriel Brazão, do Cruzeiro, e o meia Alan, do Palmeiras, todos presentes na atual sub-17.

A situação de Amadeu não parece confortável após a saída de Damiani, mas o técnico terá que "virar a chave" e focar 100% nas questões de campo e bola. Sua sobrevivência na CBF dependerá exclusivamente do resultado do Sul-Americano Sub-17 – após o fracasso sub-20, a pressão aumentou e a resposta terá que ser imediata. O presidente Marco Polo Del Nero parece ter, pelas últimas decisões, uma preocupação grande com questões políticas e midiáticas, acima das técnicas e de projeto.

Sobre o próximo gestor da CBF, Damiani revelou gratidão pela oportunidade de trabalhar no topo de sua carreira como homem de base, porém revelou preocupação: "Tínhamos um projeto se estruturando, deixamos um legado, mas temos receio de um retrocesso". Os rumores de Alessandro, ex-lateral do Corinthians, não animam ninguém que entende a base como vital para a oxigenação do futebol brasileiro. Com a bola, Del Nero e o coordenador de seleções, Edu Gaspar, que parece ser quem vai decidir o ocupante da vaga.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Fracasso da sub-20 não é para terra arrasada

Mozart Maragno



É frustrante e doído o Brasil não ir ao Mundial Sub-20. É cruel com o campeão olímpico Rogério Micale, em que pese os seus erros no Sul-Americano. Mas, certamente, não pode-se dizer que foi injusto  mesmo que a Argentina, talvez, merecesse menos a vaga, pelo que jogou e pelo o que a trágica AFA mostra atualmente. O dado concreto é que nenhum jogo brasileiro convenceu, seja na primeira fase ou no hexagonal. Então, não dá para reclamar muito.

Neste sábado, diante da Colômbia, foi no desespero, no coração, na ausência de controle dos nervos. Não podemos cobrar tanto de jovens pressionados, e na seleção brasileira a pressão é o tempo todo, em qualquer categoria. Algumas chances foram criadas, mas a segurança do ótimo goleiro colombiano e a boa organização defensiva de uma equipe motivada não concederam tantas oportunidades. O Brasil teve pouca aproximação e triangulações, tônica do torneio todo. Pouca fluidez ofensiva, fazendo muita força para jogar.

Dito isso, é importante especular sobre dois pontos: o futuro de Micale na CBF e o futuro dos jogadores brasileiros do Sul-Americano Sub-20. Se fizermos uma avaliação de alguns jogadores, primeiramente, temos bem mais decepções que surpresas positivas. Talvez o jogador de maior projeção do elenco seja David Neres. Tende a ter bom futuro na Europa e no Ajax, mas se mostrou um pouco imaturo na competição. O goleiro Caíque não passou segurança e ainda falhou grotescamente numa vitória que se encaminhava tranquila diante do Equador.

Dodô nunca esteve confortável e solto, ainda que tenha ido bem no último jogo. Paquetá foi lento, sem intensidade, numa versão do pior Ganso. O banco ofereceu pouca ou nenhuma boa opção ofensiva. Artur, Jabá e Giovanny, infelizmente, formaram um trio de absoluta inoperância – pouca projeção, até, no profissional. Lyanco, Arana, Caio Henrique, Maycon, Vizeu e Richarlison se salvaram, ainda que os dois últimos sendo irregulares. A maioria do elenco terá boa carreira.

E como fica a situação de Rogério Micale? Depois de conquistar o olimpo no Maracanã, tem seu grande baque da carreira, e o trabalho, pela cultura brasileira, vai ser muito questionado. Manter no limite do possível toda a equipe da base da CBF é uma possibilidade. A realidade, talvez, não seja assim. Micale parece querer novos ares e tem todo direito e mercado para isso. Está na história e é uma referência no futebol brasileiro para qualquer técnico. Damiani, o coordenador da base, é um grande profissional e não se sabe que respaldo terá. 

E, caso ocorram mudanças, quem entraria na sub-20? Por uma lógica de mérito, não poderíamos fugir de dois nomes: Osmar Loss e André Jardine. O bom trabalho na base deve ser o foco da contratação, como foi com Micale, e os dois citados são os que reúnem mais predicados no momento. Qual será a decisão da CBF? Cenas do próximos capítulos vão indicar. Ah, não podemos esquecer: sem terra arrasada. Os jogadores e a comissão técnica que foram ao Equador têm muito valor. Mas o futebol é assim... Caprichoso e imprevisível.

Resultados da última rodada

Argentina 2 x 0 Venezuela
Colômbia 0 x 0 Brasil
Equador 1 x 2 Uruguai

Classificação Final

1. Uruguai  12 pontos
2. Equador – 7 pontos, saldo 3
3. Venezuela – 7 pontos, saldo 2
4. Argentina – 7 pontos, saldo -3
5. Brasil – 6 pontos
6. Colômbia – 2 pontos

Foto: Rodrigo Buendia/AFP

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Cinco nomes para ficar de olho no primeiro semestre

Mozart Maragno


Com o início dos estaduais, regionais e Libertadores, o Olheiros separou cinco atletas sub-20 do futebol brasileiro para que você, caro leitor, fique de olho neste primeiro semestre. Confira:

Arthur Gomes (98) – Santos

O garoto santista começou a temporada voando nos amistosos e foi premiado com  minutos e gol na estreia do Campeonato Paulista. Ponta arisco, rápido, forte e habilidoso, tem boa tomada de decisão e técnica para finalizar. Dorival Júnior promete não interromper a sequência positiva com novas chances. Elogiado pela boa cabeça e o foco na carreira, Arthur é nome para Rogério Micale olhar com carinho visando o Mundial Sub-20.

Vitinho (98) – Palmeiras

O meia alviverde tivera seus minutos no Brasileirão 2016 e não impressionou tanto. Porém, a partir da Copa RS Sub-20, voltou a desfilar seu talento, nítido desde a equipe sub-17 de 2014, que contava com a sensação Gabriel Jesus. Com um gol antológico contra o Peñarol, aplicando elástico, Vitinho foi levado por Eduardo Baptista direto para a pré-temporada, na qual marcou um belo tento no amistoso contra a Chapecoense. Resta saber se terá mais chances no inchado elenco do Palmeiras. Nome forte, também, para a seleção sub-20.

Matheus Anjos (98) – Atlético Paranaense

Sensação da base do Furacão em 2016, Matheus Anjos é aquele meia inteligente, técnico e com a personalidade dos que querem um lugar ao sol logo cedo no futebol. Utilizado pelo técnico Paulo Autuori no time misto do Campeonato Paranaense, fez dois gols em duas partidas e deu uma assistência, ganhando os corações dos torcedores. Vale destacar o lindo gol do que fez pelo sub-20 do clube no ano passado (https://www.youtube.com/watch?v=CxVyThhAB2w)

Matheus Fernandes (98) – Botafogo

Matheus Fernandes é tratado como uma grande joia no Botafogo, e, nesta temporada, começa a ganhar chances reais no time de cima. Jair Ventura inscreveu o jovem volante para a Libertadores, e já o acionou no duro confronto contra o Colo-Colo, quando Matheus entrou na segunda etapa substituindo Camilo. Com boa saída de jogo e um excelente vigor físico, tem chances de, em breve, assumir a titularidade.

Pedro (97) – Fluminense

O camisa 9 e artilheiro da base tricolor começou a temporada com chance dada por Abel Braga na Primeira Liga. Pedro entrou na segunda etapa diante do Criciúma e "brocou" logo de cara, num lance que uniu bom confronto físico com o zagueiro e frieza pra definir. Com Henrique Dourado inconstante e sem a confiança do torcedor, seu nome tende a ser cada vez mais pedido. Cabe a Abel seguir incrementando minutos ao garoto no profissional.

Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Resultados do Sul-Americano Sub-20

Transcorridas duas rodadas, o hexagonal final do Sul-Americano Sub-20 tem o Uruguai como destaque absoluto. Com seis pontos conquistados em vitórias sobre Argentina e Brasil, os charruas são os grandes favoritos ao título da competição, que ainda destinará outras três vagas para o Mundial da categoria. Hoje, a última delas seria da seleção brasileira, que faz campanha abaixo da média (um empate e uma derrota) e busca a reabilitação no domingo, diante da Venezuela. Confira os resultados e a classificação do hexagonal até o momento:

Primeira rodada

Colômbia 1 x 1 Venezuela
Uruguai 3 x 0 Argentina
Equador 2 x 2 Brasil

Segunda rodada

Colômbia 1 x 2 Argentina
Uruguai 2 x 1 Brasil
Equador 2 x 4 Venezuela

Próximos jogos

Brasil x Venezuela
Uruguai x Colômbia
Equador x Argentina

Classificação

1. Uruguai – 6 pontos
2. Venezuela – 4 pontos
3. Argentina – 3 pontos
4. Brasil – 1 ponto, saldo -1, 3 GP
5. Colômbia – 1 ponto, saldo -1, 2 GP
6. Equador – 1 ponto, saldo -2

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Hexagonal promete ser duro para a sub-20

Mozart Maragno


A seleção brasileira sub-20 está disputando mais um Sul-Americano da categoria nas mesmas condições de sempre: estádios ruins, gramados ruins, clima hostil e jogos de muita imposição física, o que prejudica uma análise mais abalizada sobre o real desempenho da equipe. Porém, mesmo dentro desse contexto, podemos fazer algumas avaliações e projeções para o hexagonal final que começa nesta segunda-feira.

Classificar antecipadamente, com uma sequência de quatro jogos em oito dias, foi excelente. Méritos ao técnico Rogério Micale, que coloca em campo, como sempre, uma equipe muito sólida e organizada. Os gols sofridos na primeira fase quase sempre foram em situações individuais fortuitas. O Brasil teve as melhores chances de gol em todos os jogos e pôde se dar ao luxo de poupar o time todo contra a Colômbia, a partida derradeira. 

Alguns destaques individuais precisam ser ressaltados, especialmente o zagueiro Lyanco, com sua personalidade, o volante Caio Henrique, sempre um bom primeiro passe, o forte atacante Richarlison e o sempre oportunista Felipe Vizeu. Matheus Sávio ganhou a titularidade com justiça, deu mais verticalidade. Por outro lado, esperávamos mais de David Neres e dos laterais. 

Onde estão os principais problemas? O volante de mais saída, Douglas Luiz, não conseguiu jogar aquilo que sabe, e Maycon deve ganhar a posição com méritos. Com essa situação, esperamos mais fluidez ofensiva e uma transição mais qualificada. Os pontas reservas não convenceram, especialmente Artur e Giovanny, que são habilidosos, mas muito pouco produtivos.

O hexagonal tem tudo para ser duríssimo. Do outro grupo somam-se duas equipes fortes e que encorparam muito durante a primeira fase: a Argentina e o Uruguai. Os charruas, especialmente, tem grandes talentos, como o meia Rodrigo Amaral. A Venezuela de Dudamel apresentou ótima solidez defensiva. Colômbia e Equador, que o Brasil já conhece, não devem vender nada fácil seus jogos.

Antes de tudo, o importante é conquistar uma das quatro vagas ao Mundial. O contexto do Sul-Americano costuma ser mais duro que o da competição máxima do futebol sub-20. E num possível Mundial, Rogério Micale não poderá esquecer de Vitinho, do Palmeiras, Arthur Gomes, do Santos, além de observar outros nomes que podem crescer no primeiro semestre do ano. 

Jogos da primeira rodada

Colômbia x Venezuela
Uruguai x Argentina
Equador x Brasil