domingo, 12 de fevereiro de 2017

Fracasso da sub-20 não é para terra arrasada

Mozart Maragno



É frustrante e doído o Brasil não ir ao Mundial Sub-20. É cruel com o campeão olímpico Rogério Micale, em que pese os seus erros no Sul-Americano. Mas, certamente, não pode-se dizer que foi injusto  mesmo que a Argentina, talvez, merecesse menos a vaga, pelo que jogou e pelo o que a trágica AFA mostra atualmente. O dado concreto é que nenhum jogo brasileiro convenceu, seja na primeira fase ou no hexagonal. Então, não dá para reclamar muito.

Neste sábado, diante da Colômbia, foi no desespero, no coração, na ausência de controle dos nervos. Não podemos cobrar tanto de jovens pressionados, e na seleção brasileira a pressão é o tempo todo, em qualquer categoria. Algumas chances foram criadas, mas a segurança do ótimo goleiro colombiano e a boa organização defensiva de uma equipe motivada não concederam tantas oportunidades. O Brasil teve pouca aproximação e triangulações, tônica do torneio todo. Pouca fluidez ofensiva, fazendo muita força para jogar.

Dito isso, é importante especular sobre dois pontos: o futuro de Micale na CBF e o futuro dos jogadores brasileiros do Sul-Americano Sub-20. Se fizermos uma avaliação de alguns jogadores, primeiramente, temos bem mais decepções que surpresas positivas. Talvez o jogador de maior projeção do elenco seja David Neres. Tende a ter bom futuro na Europa e no Ajax, mas se mostrou um pouco imaturo na competição. O goleiro Caíque não passou segurança e ainda falhou grotescamente numa vitória que se encaminhava tranquila diante do Equador.

Dodô nunca esteve confortável e solto, ainda que tenha ido bem no último jogo. Paquetá foi lento, sem intensidade, numa versão do pior Ganso. O banco ofereceu pouca ou nenhuma boa opção ofensiva. Artur, Jabá e Giovanny, infelizmente, formaram um trio de absoluta inoperância – pouca projeção, até, no profissional. Lyanco, Arana, Caio Henrique, Maycon, Vizeu e Richarlison se salvaram, ainda que os dois últimos sendo irregulares. A maioria do elenco terá boa carreira.

E como fica a situação de Rogério Micale? Depois de conquistar o olimpo no Maracanã, tem seu grande baque da carreira, e o trabalho, pela cultura brasileira, vai ser muito questionado. Manter no limite do possível toda a equipe da base da CBF é uma possibilidade. A realidade, talvez, não seja assim. Micale parece querer novos ares e tem todo direito e mercado para isso. Está na história e é uma referência no futebol brasileiro para qualquer técnico. Damiani, o coordenador da base, é um grande profissional e não se sabe que respaldo terá. 

E, caso ocorram mudanças, quem entraria na sub-20? Por uma lógica de mérito, não poderíamos fugir de dois nomes: Osmar Loss e André Jardine. O bom trabalho na base deve ser o foco da contratação, como foi com Micale, e os dois citados são os que reúnem mais predicados no momento. Qual será a decisão da CBF? Cenas do próximos capítulos vão indicar. Ah, não podemos esquecer: sem terra arrasada. Os jogadores e a comissão técnica que foram ao Equador têm muito valor. Mas o futebol é assim... Caprichoso e imprevisível.

Resultados da última rodada

Argentina 2 x 0 Venezuela
Colômbia 0 x 0 Brasil
Equador 1 x 2 Uruguai

Classificação Final

1. Uruguai  12 pontos
2. Equador – 7 pontos, saldo 3
3. Venezuela – 7 pontos, saldo 2
4. Argentina – 7 pontos, saldo -3
5. Brasil – 6 pontos
6. Colômbia – 2 pontos

Foto: Rodrigo Buendia/AFP

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